Marcopolo:Histórias de vidas pela memória de uma empresa
Maior encarroçadora de ônibus no Brasil lança livro que conta os 63 anos da companhia e de parte da história dos transportes no País
ADAMO BAZANI – CBN
Engana-se quem pensa quem uma empresa é apenas uma organização comercial e econômica. Muito mais que isso, é um local onde há vida e as pessoas se interagem. Onde surgem histórias e valores humanos que podem contribuir para uma nação.
Isso ainda é mais forte quando se trata de uma empresa ligada ao setor de transportes, que é relacionado de maneira direta ao dia a dia das pessoas e ao crescimento de um País.
E retratar um pouco deste universo sob uma perspectiva não meramente cronológica é o objetivo do livro “Marcopolo: Sua Viagem Começa Aqui” cujo lançamento oficial será no dia 12 de dezembro, na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na Capital Paulista.
O pré-lançamento ocorreu nesta quarta-feira, dia 28 de novembro, em Caxias do Sul, e a reportagem acompanhou.
Maior encarroçadora de ônibus no Brasil lança livro que conta os 63 anos da companhia e de parte da história dos transportes no País
ADAMO BAZANI – CBN
Engana-se quem pensa quem uma empresa é apenas uma organização comercial e econômica. Muito mais que isso, é um local onde há vida e as pessoas se interagem. Onde surgem histórias e valores humanos que podem contribuir para uma nação.
Isso ainda é mais forte quando se trata de uma empresa ligada ao setor de transportes, que é relacionado de maneira direta ao dia a dia das pessoas e ao crescimento de um País.
E retratar um pouco deste universo sob uma perspectiva não meramente cronológica é o objetivo do livro “Marcopolo: Sua Viagem Começa Aqui” cujo lançamento oficial será no dia 12 de dezembro, na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na Capital Paulista.
O pré-lançamento ocorreu nesta quarta-feira, dia 28 de novembro, em Caxias do Sul, e a reportagem acompanhou.
“O objetivo principal deste livro é prestar uma homenagem aos colaboradores e a toda comunidade que não só ajudaram a Marcopolo se tornar uma das maiores fabricantes de carrocerias de ônibus, mas que contribuíram para toda a sociedade com sua garra e motivação” – disse Paulo Bellini, presidente emérito e um dos pioneiros da companhia que foi fundada em 1949, pelos irmãos Nicola, no Rio Grande do Sul.
São 93 entrevistas que contam a história da empresa e dos transportes de uma maneira leve, descontraída às vezes, e acima de tudo, com humanidade.
“Foi emocionante o trabalho de entrevistas com funcionários, ex colaboradores e parceiros. Todos tinham orgulho de contar como participaram da evolução dos ônibus. É a história contada por quem a fez” – disse Marilda Vendrame, uma das colaboradoras da preparação do livro.
“O ônibus é apaixonante. Ele está no dia a dia das pessoas e não há melhor forma de contar a história do ônibus senão pelas próprias pessoas. Tudo era muito difícil na fabricação dos ônibus. Os veículos eram feitos artesanalmente, personalizados, pegava´se chassis de caminhão e alongava-se. A carroceria era de madeira. Suas características mudavam de acordo com as mudanças na sociedade, nas cidades, na economia” – disse Valter Gomes Pinto, diretor da Marcopolo.
O livro possui curiosidades e relatas casos que evidenciam cada época do País.
“Pode-se dizer que momentos difíceis não faltaram para o setor de ônibus. Uma de nossas principais dificuldades foi bem no início mesmo. Não havia indústria de ônibus, assim não havia especialização,não havia dinheiro, não havia crédito em banco. Tivemos para crescer no início de depender até de agiotas. Não me esqueço de um agiota que era cigano. Cobrava juros altos, mas era a única forma de conseguirmos dinheiro. Como era cigano, mudava sempre de endereço, mas no dia do vencimento das contas, ele voltava para cobrar. Fomos fazendo amizade até que me tornei padrinho da filha dele. Hoje nem sei mais onde está minha afilhada” – conta Paulo Bellini, que diz que o nome Marcopolo é de 1968 e se referia a um modelo de ônibus de muito sucesso lançado pela empresa no Salão do Automóvel daquele ano. Até então, a empresa se chamava Nicola, em alusão aos irmãos que fundaram a companhia. Naquela altura, não havia mais nenhum Nicola e a empresa precisava de um nome novo.
“Para o modelo de ônibus e para a empresa surgiram várias sugestões. No final ficaram Bertioga e Marcopolo. Marcopolo foi o nome escolhido, mas costumo brincar que do Bertioga sobrou o símbolo. Como Bertioga remete ao litoral, logo se associou à imagem de um sol. E esse é o símbolo da Marcopolo, um sol estilizado, que é mareca registrada legalmente da empresa.” – relembra Paulo Bellini.
Um momento marcante para a empresa, considerado um divisor de águas foi em meados dos anos de 1980, quando a Marcopolo enfrentava uma de suas maiores crises devido à alta inflação que aumentava os preços dos insumos e corroia os ganhos de todos e devido a forte concorrência.
Foi então que surgiu a oportunidade de diretores e funcionários da Marcopolo irem até o Japão para terem conhecimentos de novas técnicas industriais, como por exemplo o sistema Toyota de produção. Paulo Bellini foi incentivado a fazer esta viagem por José Banzato.
Em duas semanas, onze fábricas foram visitadas, o que foi possível trazer novos conceitos e fazer a diferença, segundo Paulo Bellini.
Os novos métodos e as motivações de cada funcionário começaram a se refletir na qualidade dos produtos.
“Houve um tremendo salto de qualidade entre a Geração 3 dos ônibus como Viaggio e Paradiso para os da Geração 4 em diante. E novas soluções apareciam tornando os processos de produção e os veículos com excelência” – revela o diretor da Marcopolo, Valter Gomes Pinto.
Histórias engraçadas, cotidiano de Caxias do Sul e a expansão dos serviços de ônibus também fazem parte do livro de mais de 300 páginas.
O ônibus é um elemento tão ligado ao ser humano que nada melhor que um estudioso falar sobre ele. Assim, o livro também conta com um ensaio do antropólogo Roberto DaMatta, que num texto delicioso retrata a influência dos veículos de transportes públicos nas histórias pessoais e diz que hoje a modernidade do veículo convida a nova experimentação do prazer de viajar, como ocorria com o navegador Marco Polo.
Outro detalhe curioso é que o nome do pai de Marco polo é Nicollo, ou Nicola aportuguesando, justamente o primeiro nome da fábrica Marcopolo.
E cheio de emoções e histórias, que mostram que acima de tudo, motivação é o essencial, que “Marcopolo: Sua Viagem Começa Aqui” se torna uma boa opção de leitura.
São 93 entrevistas que contam a história da empresa e dos transportes de uma maneira leve, descontraída às vezes, e acima de tudo, com humanidade.
“Foi emocionante o trabalho de entrevistas com funcionários, ex colaboradores e parceiros. Todos tinham orgulho de contar como participaram da evolução dos ônibus. É a história contada por quem a fez” – disse Marilda Vendrame, uma das colaboradoras da preparação do livro.
“O ônibus é apaixonante. Ele está no dia a dia das pessoas e não há melhor forma de contar a história do ônibus senão pelas próprias pessoas. Tudo era muito difícil na fabricação dos ônibus. Os veículos eram feitos artesanalmente, personalizados, pegava´se chassis de caminhão e alongava-se. A carroceria era de madeira. Suas características mudavam de acordo com as mudanças na sociedade, nas cidades, na economia” – disse Valter Gomes Pinto, diretor da Marcopolo.
O livro possui curiosidades e relatas casos que evidenciam cada época do País.
“Pode-se dizer que momentos difíceis não faltaram para o setor de ônibus. Uma de nossas principais dificuldades foi bem no início mesmo. Não havia indústria de ônibus, assim não havia especialização,não havia dinheiro, não havia crédito em banco. Tivemos para crescer no início de depender até de agiotas. Não me esqueço de um agiota que era cigano. Cobrava juros altos, mas era a única forma de conseguirmos dinheiro. Como era cigano, mudava sempre de endereço, mas no dia do vencimento das contas, ele voltava para cobrar. Fomos fazendo amizade até que me tornei padrinho da filha dele. Hoje nem sei mais onde está minha afilhada” – conta Paulo Bellini, que diz que o nome Marcopolo é de 1968 e se referia a um modelo de ônibus de muito sucesso lançado pela empresa no Salão do Automóvel daquele ano. Até então, a empresa se chamava Nicola, em alusão aos irmãos que fundaram a companhia. Naquela altura, não havia mais nenhum Nicola e a empresa precisava de um nome novo.
“Para o modelo de ônibus e para a empresa surgiram várias sugestões. No final ficaram Bertioga e Marcopolo. Marcopolo foi o nome escolhido, mas costumo brincar que do Bertioga sobrou o símbolo. Como Bertioga remete ao litoral, logo se associou à imagem de um sol. E esse é o símbolo da Marcopolo, um sol estilizado, que é mareca registrada legalmente da empresa.” – relembra Paulo Bellini.
Um momento marcante para a empresa, considerado um divisor de águas foi em meados dos anos de 1980, quando a Marcopolo enfrentava uma de suas maiores crises devido à alta inflação que aumentava os preços dos insumos e corroia os ganhos de todos e devido a forte concorrência.
Foi então que surgiu a oportunidade de diretores e funcionários da Marcopolo irem até o Japão para terem conhecimentos de novas técnicas industriais, como por exemplo o sistema Toyota de produção. Paulo Bellini foi incentivado a fazer esta viagem por José Banzato.
Em duas semanas, onze fábricas foram visitadas, o que foi possível trazer novos conceitos e fazer a diferença, segundo Paulo Bellini.
Os novos métodos e as motivações de cada funcionário começaram a se refletir na qualidade dos produtos.
“Houve um tremendo salto de qualidade entre a Geração 3 dos ônibus como Viaggio e Paradiso para os da Geração 4 em diante. E novas soluções apareciam tornando os processos de produção e os veículos com excelência” – revela o diretor da Marcopolo, Valter Gomes Pinto.
Histórias engraçadas, cotidiano de Caxias do Sul e a expansão dos serviços de ônibus também fazem parte do livro de mais de 300 páginas.
O ônibus é um elemento tão ligado ao ser humano que nada melhor que um estudioso falar sobre ele. Assim, o livro também conta com um ensaio do antropólogo Roberto DaMatta, que num texto delicioso retrata a influência dos veículos de transportes públicos nas histórias pessoais e diz que hoje a modernidade do veículo convida a nova experimentação do prazer de viajar, como ocorria com o navegador Marco Polo.
Outro detalhe curioso é que o nome do pai de Marco polo é Nicollo, ou Nicola aportuguesando, justamente o primeiro nome da fábrica Marcopolo.
E cheio de emoções e histórias, que mostram que acima de tudo, motivação é o essencial, que “Marcopolo: Sua Viagem Começa Aqui” se torna uma boa opção de leitura.
Publicado em 28/11/2012 por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes. Blogpontodeonibus
Iniciei minha experiência profissional na Marcopolo e a gostar de ônibus. Foram muitos aprendizados. A Marcopolo é uma empresa que desenvolve empreendedores e profissionais vencedores. Parabenizo a todos que organizaram o livro e a ótima divulgação do conteúdo escrito pelo Adamo.
ResponderExcluirAbraço e sucesso!
Eng. José Rovani