Em entrevista, Fagundes afirmou que Carga Pesada não deveria ter saído do ar.
O trecho a ser revisto no Luz, Câmera, 50 Anos vem dos episódios especiais de 2003, A Grande Viagem, quando o enredo foi retomado. Não era um remake, era de fato uma continuação daquela história.
“Nós éramos de muita utilidade para os caminhoneiros porque apontávamos todos os problemas que eles enfrentavam na estrada, desde as necessidades imediatas, como saudade, amor, confiança, desconfiança. O caminhoneiro é aquele que viaja e deixa tudo seu no mesmo lugar: esposa, filhos. Essas coisas causam uma fragilidade emocional muito grande. Fora isso, tem a perseguição de ladrões, assalto de cargas, e a questão da saúde, porque eles não são atendidos em nenhum sentido. ê uma classe muito sofredora”, relembra Stênio. Para ele, boa parte da conscientização que a categoria adquiriu dos anos 1980 para cá vem da série.
Os primeiros textos, lembra Fagundes, foram escritos por Dias Gomes, Gianfrancesco Guarnieri e Carlos Queiroz Filho, alertando para mazelas que, àquela altura, entre 1979 e 1981, ainda não eram muito alardeadas nos noticiários. Se tivessem que retomar a série hoje, Fagundes pensa que os temas seriam os mesmos.
“Acredito que o Brasil não se renova nesse sentido, os problemas são sempre os mesmos, sempre adiados e nunca resolvidos. A gente voltaria a falar de estradas esburacadas, prostituição infantil, violência, tráfico de drogas, os problemas estão todos lá ainda”, reflete.
“Eu conheço todos os sotaques”
De Renato Teixeira, Frete tinha a voz de seu compositor na primeira exibição de Carga Pesada. O tema de abertura foi regravada por Chitãozinho e Xororó e utilizada a partir de 2003, versão que acompanha a reprise da vez.
“É como diz a música: “eu conheço cada palmo desse chão”. O caminhoneiro transporta estômago e pele do brasileiro”, cita Stênio.
Fonte: Estadão Conteúdo
Publicado em 21/04/2015 no Blog do Caminhoneiro.