Marcopolo completa 63 anos nesta segunda-feira
Companhia começou modesta, como todos os pioneiros no setor de transportes, e hoje se configura numa das maiores fabricantes de carrocerias de ônibus.
ADAMO BAZANI – CBN
Se hoje a indústria de ônibus no Brasil é uma das mais relevantes do mundo e as empresas brasileiras transportadoras de passageiros se tornam mais profissionalizadas a cada dia, é porque muitos pioneiros enfrentaram dificuldades e não se intimidaram diante dos obstáculos que iam desde estradas de difícil acesso, que exigiam força nos braços para serem percorridas, até sucessivas situações econômicas que demandavam dos investidores do setor uma capacidade mental fora do comum.
E assim, aliando força e inteligência, muitas empresas ligadas ao transporte de vidas ainda hoje escrevem parte da história do país e de cada passageiro.
Uma das empresas que está há décadas presenciando e influenciando no desenvolvimento do setor de transportes no Brasil é a Marcopolo.
A companhia, fundada em 06 de agosto de 1949, completa nesta segunda-feira 63 anos de atividades.
A Marcopolo é uma das maiores indústrias de fabricação de carrocerias de ônibus do mundo e está no seleto grupo das multinacionais brasileiras.
Para este ano, mesmo com a retração da indústria automotiva no Brasil, em especial de veículos pesados cuja mudança de tecnologia deve deixar as vendas mais fracas, a Marcopolo prevê alcançar em 2012 números expressivos de lucro e produção, com a fabricação de 32,6 mil carrocerias e receita líquida prevista de R$ 3,6 bilhões.
Até 2016, a companhia deve realizar investimentos na ordem de R$ 450 milhões principalmente para ampliação e modernização de linhas, além do desenvolvimento de novos produtos.
A empresa possui filiais na África do Sul, Argentina, Austrália, Colômbia, China, Egito, Índia, México e Rússia.
Toda esta potência industrial nasceu de forma modesta, porém visionária, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em galpões onde inicialmente eram feitos ônibus de madeira sobre chassis de caminhão.
O nome Marcopolo foi adotado nos anos de 1970, devido ao sucesso de um modelo homônimo que acabou “batizando” a indústria que antes se chamava Nicola por causa de seus fundadores: Dorval Antônio Nicola, Nelson Nicola, João Nicola e Doracy Luiz Nicola.
Durante os anos de 1960, parte dos irmãos Nicola saiu da empresa e fundaram uma reformadora de ônibus, depois encarroçadora, chamada Furcare. O último dos Nicola, Dorval Antônio, deixou a empresa em 1967, aliando-se aos irmãos na Furcare, posteriormente chamada Nimbus.
Mas a Nicola, apesar de não ter mais nenhum Nicola em seu quadro societário, matinha suas raízes, pelo fato de ter muitos trabalhadores que ainda atuavam desde a fundação da empresa e por ter um empreendedor que assumia nesta época a direção da companhia: Pedro Paulo Bellini começou sua carreira na encarroçadora de maneira precoce, em 1951, com 22 anos de idade e muita visão de futuro.
Menos de oito meses depois da fundação da Nicola, alguns sócios de famílias alemãs, saíram dos negócios.
Foi aberto então um longo caminho que Pedro Paulo Bellini decidiu trilhar. A decisão foi acertada.
O jovem reuniu suas economias e teve ajuda do pai, Alberto Bellini, e comprou a parte destas famílias na época por 240 mil cruzeiros, hoje cerca de R$ 175 mil. Um valor grande para a época, mas diminuto frente ao tamanho que a Marcopolo ficou.
O tino de Belini para os negócios sem deixar de lado a questão humana de uma empresa foi fundamental para que a companhia continuasse forte, mesmo com a saída dos irmãos Nicola.
Entre os anos de 1970 e 1980, a Marcopolo havia adquirido várias outras encarroçadoras, como a própria Nimbus/Furcare dos Nicola e a Carrocerias Eliziário.
Vários produtos marcaram a história da encarroçadora, como as várias gerações do Viaggio, do Paradiso e do Torino, além do próprio Marcopolo.
Hoje, a empresa oferece um novo modelo para atender as mais modernas exigências de corredores de ônibus rápidos, o Viale BRT. Os corredores exclusivos são as principais soluções adotadas no Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, mas vão além das necessidades para preparar o Brasil para os eventos esportivos. Os BRT são considerados economicamente viáveis e de fácil implantação com bons resultados quanto à demanda atendida e ao aumento da velocidade nos transportes públicos, além de proporcionarem ganhos ambientais por contribuírem para a redução do número de automóveis nas congestionadas cidades.
Se hoje o BRT é uma das alternativas de mobilidade mais usadas no mundo, a Marcopolo tem participação nisso.
O sistema de corredores exclusivos para ônibus foi criado no Brasil, mais especificamente em Curitiba, no Paraná, no ano de 1974, pelo então prefeito Jaime Lerner. Ele queria fazer uma cidade para pessoas e não apenas para automóveis e para isso investiu numa solução de transporte público não muito cara, mas eficiente.
A Marcopolo fabricou o primeiro veículo de BRT no mundo ao fazer para o sistema, o Veneza Expresso, modelo inovador para a época, como motor Cummins.
Tanto para o BRT, como para a Copa, assim como para o dia a dia das pessoas, a aniversariante desta segunda-feira diz que continuará investindo em produtos mais modernos e confortáveis e ao mesmo tempo fazendo seu papel social, hoje com a Fundação Marcopolo e outros projetos voltados para a comunidade e meio ambiente.
Publicado em 06/08/2012 por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes. Blogpontodeonibus
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