Novas faixas de ônibus reduzem tempo de viagem, mas motorista de carro desrespeita espaço coletivo
Trajetos estão até 15 minutos mais rápidos, mas individualismo falou mais alto.
ADAMO BAZANI – CBN
É verdade que a melhor forma de oferecer velocidade e conforto aos transportes coletivos por ônibus é a criação de corredores exclusivos, totalmente segregados do trânsito, que apresentam estações de embarque no mesmo nível do assoalho dos veículos, pagamento da passagem antes da entrada no ônibus e painéis com informações sobre linhas e horários, além de pontos de ultrapassagem, para evitar que se façam filas nas paradas atrasando as viagens.
A criação de faixas de ônibus, pintadas nas vias comuns, é considerada solução paliativa para transportes, mas muitas vezes é o único meio disponível de priorizar os deslocamentos coletivos no curto prazo ou em locais onde não há a menor possibilidade mais de qualquer intervenção viária.
Mas independentemente das discussões sobre a melhor forma de oferecer mobilidade, há algo mais básico e esquecido: falta educação ao motorista de carro individual e isso precisa ser revertido de diversas maneiras que vão desde trabalhos de conscientização e campanhas até punições severas de fato.
Nesta segunda-feira, foi o primeiro dia útil de operação de cinco novas faixas de ônibus, que totalizam 9,6 quilômetros e fazem parte de um projeto da Prefeitura de São Paulo de implantar 130 quilômetros até o final do ano.
As faixas ficam na Avenida Rio Bonito, Avenida Interlagos, Avenida Olívia Guedes Penteado, Avenida Senador Teotônio Vilela e corredor da Avenida Brigadeiro Gavião e Avenida Barão de Jundiaí.
As vias para ônibus reduziram entre 5% e 15% o tempo de viagem, havendo ganhos de até 15 minutos para os passageiros de ônibus que ocupam melhor o espaço urbano.
Estes números poderiam ser melhores se não fosse o individualismo, o desrespeito e a falta de senso de cidadania de muitos motoristas de carros.
A reportagem do Jornal Agora São Paulo esteve por meia hora em cada faixa e não foi difícil flagrar as invasões.
Neste curto espaço de tempo, de acordo com o jornal, foram:
Avenida Senador Teotônio Vilela: 34 invasões de carros, motos e caminhões no espaço do transporte público.
Avenida Interlagos: 20 invasões de carros, motos e caminhões no espaço do transporte público.
Avenida Rio Bonito: 41 invasões de carros, motos e caminhões no espaço do transporte público.
Avenida Olívia Guedes Penteado: 35 invasões de carros, motos e caminhões no espaço do transporte público.
Brigadeiro Gavião Peixoto: 36 invasões de carros, motos e caminhões no espaço do transporte público.
A CET – Companhia de Engenharia de Tráfego diz que já aplica multas, que são de R$ 53,20 e 3 pontos na carteira, mas que como as faixas foram recentemente implantadas, ainda o órgão trabalha mais na conscientização dos motoristas.
No entanto, com muito ou pouco tempo de implantação, as faixas de ônibus têm siso desrespeitadas cada vez mais por pessoas que usam o carro como armadura e o espaço público como seu reinado particular.
O culto ao automóvel é tão grande que ele passou a ser uma extensão do próprio corpo e mente da pessoa na área urbana e, convenhamos, o motorista brasileiro ainda não sabe agir coletivamente.
Assim, quando ele está ao volante, o que interessa é só ele.
Tem de doer na consciência sim, mas mais no bolso ainda.
Ou alguém aqui acha que inicialmente a lei do cinto de segurança “pegou” porque as pessoas pensavam na sua segurança ou na dos outros?
Publicado em 19/06/2012 porAdamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes. Blogpontodeonibus
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